terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

A imbecilidade da lei seca maringaense

Reproduzo aqui trechos do comentário que escrevi no blog do Marcelo Bulgarelli em 2008, quando foi aprovada a lei seca nas proximidades das faculdades e universidades de Maringá. A lei entrou em vigor ontem e a maior "contribuição" que trará vai ser o fechamento de estabelecimentos e o desemprego de muita gente.

"Me perdoem os reacionários e pseudo-moralistas, mas compartilho da idéia de que o bar próximo à faculdade representa uma extensão da sala de aula.
Durante os quatro anos que passamos no curso de Jornalismo o boteco na esquina da Faculdade Maringá foi tão importante para minha turma quanto o quadro negro e o xerox.
Impossível contar quantas vezes nos reunimos alí. Às vezes antes da aula, às vezes durante a aula, às vezes no intervalo e muitas vezes após a aula.
Naquelas mesas discutimos matérias vistas em sala, criticamos e elogiamos professores, compartilhamos nossa revolta com relação à certas atitudes da direção da faculdade. Discutimos política e religião. Falamos sobre sonhos e dramas pessoais. Manifestamos nossa apreensão com relação ao que encontraríamos pela frente depois da formatura, criamos projetos de trabalho, fizemos novos amigos e pudemos conhecer melhor os colegas com quem estudávamos.
Ninguém, absolutamente ninguém reprovou, deixou de pagar a faculdade ou não se tornou um bom profissional por culpa da cerveja no bar da esquina.
Agora lamentavelmente surgem alguns "legisladores" que provavelmente não passaram por tudo isso e não sabem que a formação cultural e acadêmica envolve uma série de outras questões que ultrapassam os limites físicos da instituição de ensino, e tomam uma atitude inconstitucional e autoritária, digna dos tempos da ditadura, como se isso fosse resolver o problema da violencia e do vandalismo na cidade.
Na minha opinião esta lei é o retrato perfeito da mentalidade retrógrada e provinciana que impera no Noroeste paranaense".

2 comentários:

  1. Logo quando cheguei em Maringá, li em um blog da cidade, não lembro qual, que Maringá era um sítio iluminado. No começo fiquei sem entender o porquê de tal comentário sobre a cidade. Mas não demorou muito para descobrir depois o que levava a cidade ser chamada dessa forma. Aí está mais um exemplo que justifica tal afirmação daquele blogueiro.

    ResponderExcluir
  2. Concordo com você em todos aspectos, pois o fato dos bares estarem abertos não obrigam ninguém a entrar lá dentro.
    Tão ridículo isso quanto o fumante após anos fumando feito louco, processar indústria de tabaco por ele ter desenvolvido alguma doença.
    Quanto ao que você diz sobre os legisladores não terem passado pelo aprendizado que você obteve nas mesas do barzinho, claro que isso não ocorreu, pois quando eles estudavam eram ainda de menores, visto que maioria de nossos legisladores, quando muito, tem somente o segundo grau.
    Creio ter assuntos mais importantes e convenientes para toda a sociedade e não somente para falsos moralistas.

    ResponderExcluir